Deus Ex Machina no Brasil: A Mansion of Munificence e o espírito de Moto, Surf, Skate e Elegância em São Paulo
- José Caetano
- 7 de out.
- 3 min de leitura
Há poucos meses, durante uma roadtrip urbana pela Av. Rebouças com a Rosie – minha Triumph Bonneville T120 Black, companheira fiel de curvas e reflexões –, parei na Deus Mansion em Pinheiros.

O ar da paulicéia, o ronco baixo do motor bicilíndrico ecoando nas ruas arborizadas do bairro, e o vento cortante contra a jaqueta: era uma daquelas paradas que não pedem pressa, apenas a presença no momento. Enquanto estacionava a moto na calçada da casa projetada por Oswaldo Bratke, lembrei-me de como espaços assim resgatam a essência da jornada – não só pilotar, mas viver com alma.
Como fotógrafo e jornalista com algumas milhas na bagagem, vejo na Deus Ex Machina um manifesto moderno: uma fusão de moto, surf, moda e gastronomia que, sutilmente, ecoa a munificência divina.

A Deus Ex Machina, fundada em 2006 na Austrália por Dare Jennings, não é apenas uma marca – é uma cultura que celebra a criatividade, o entusiasmo autêntico e a simplicidade do prazer na máquina, seja uma moto customizada ou uma prancha de surf. Seus "templos" ao redor do mundo – de Sydney (Temple of Enthusiasm) a Bali e Milão – ganham títulos únicos, refletindo a tradição de batizar cada casa com um nome que captura sua essência espiritual e comunitária.
No Brasil, a chegada em 2021 marcou um capítulo vibrante: trazida pelo designer Cris Almeida e mais 3 sócios, que viu no país um solo fértil para essa filosofia de "run-what-you-brung" (aceite o resultado sem "e se"), a marca se instalou em São Paulo como The Mansion of Munificence – a Mansão da Munificência (Generosidade) –, uma casa dos anos 1950, reformada para abrigar loja, restaurante e galeria.
A casa é um um refúgio para entusiastas – não só de motos, surf ou skate, mas de um lifestyle que valoriza a tradição sem rigidez. A fachada airy, com motos customizadas expostas como obras de arte, e o interior que mescla industrial com acolhedor... A loja é o coração: camisetas, bonés, capacetes customizados e acessórios que unem moda masculina atemporal à cultura de customização – pense em jaquetas que combinam com a Bonneville, ou pranchas de surf que remetem a ondas como as que eu já surfei há alguns anos (o que me lembra que preciso reativar esse hábito). É um convite à elegância prática, onde o rider clássico encontra peças que refletem identidade, não ostentação.
Mas o que eleva a Mansion é sua gastronomia, comandada pelo chef Dário Costa – vencedor do Mestres do Sabor em 2020, com uma trajetória que funde raízes brasileiras a influências globais. Seus pratos são generosos e compartilháveis: da coxinha de frango com Catupiry ao nosso preferido churrasco.
Como pai que ensina às filhas o valor da mesa como comunhão, aprecio como Costa incorpora costumes brasileiros, transformando uma refeição em ritual. O bar completa o cenário, convidando a longas conversas sobre rotas ou ondas. E não deixe de tomar o café, um espresso sincero, saboroso, bem tirado.

A cultura de surf, skate e moto pulsa ali: a galeria exibe a Triumph usada por David Beckham na Amazônia, um aceno à aventura que une atletas a riders comuns. Como amante de motos clássicas, skate e surf, vejo paralelos com minha vida: a Deus resgata um tempo em que essas paixões eram puras, sem comercialismo excessivo, ecoando simplicidade. Em um mundo superficial, espaços como esse são mansões de munificência – generosidade que nutre a alma, como a Providência que guia nossas jornadas.
No YouTube @ClassicManRide, compartilho um vídeo dessa visita.
Comentários