Terapia na Estrada: Como Andar de Moto Alivia o Estresse e Restaura o Equilíbrio Mental

No último sábado, à beira de um colapso criativo – com ideias aceleradas como o Pateta Mr. Wheeler no clássico cartoon Motor Mania da Disney –, peguei minha Triumph Bonneville e parti para uma estrada tranquila. Você pode achar que uso qualquer desculpa para pilotar, e confesso: no começo, era assim mesmo, inventando motivos para sentir o vento no peito. Mas hoje, com pesquisas científicas respaldando, digo à minha família "vou ali tomar um café" e volto revigorado, 200 km depois. É mais que prazer; é terapia para a alma.

O mundo moderno e sua aceleração constante

Você deve se sentir soterrado pelos "tenho que" do dia a dia: tenho que pagar contas, tenho que consertar a calha, tenho que responder e-mails. Às vezes, dá vontade de se isolar em uma cabana, sem smartphone, só com o essencial – talvez um cachorro fiel.

Podemos até tentar colocar a culpa no mercado, na ganância das pessoas, mas a verdade é que a culpa é nossa. Somos nós que nos deixamos envolver pela aceleração desse mundo fragmentado. Nós que nos sentimos culpados se tiramos 30 minutos de nosso dia para fazer uma boa oração seguida de meditação.

Lembro-me de uma terça-feira à tarde no meu estúdio na Vila Madalena, após fotografar uma modelo da Ford. Convidei um amigo fotógrafo para um café próximo. Mal sentamos, ele checava o iPhone a todo instante, culpado por "desperdiçar" tempo no meio de um dia útil – sendo que ele também estava tranquilo aquele dia. Isso acontece com você também, não é? Enquanto lê isso, talvez sinta o mesmo. É aí que mora o perigo. Se estamos assim, vamos pifar cedo ou tarde.

A estrada da cura

Mas há um remédio infalível: a estrada. Naquele sábado, sobrecarregado, segui pela Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro rumo a Campos do Jordão – as montanhas sempre me restauram.

No meio do caminho, me lembrei de uma estradinha incrivelmente pitoresca que fica quase que escondida para o piloto desatento que está subindo a serra, o circuito Gavião Gonzaga, que se inicia logo após a placa do km 40 da rodovia.

Uma estradinha apertadinha, mas repleta de vistas incríveis da majestosa Serra da Mantiqueira, umas quedinhas d’água ladeando o asfalto e alguns restaurantes que são mais famosos que a própria estrada.

O som do relaxamento

Já na primeira parada, logo após sair da Floriano, você já pode contemplar o vale abaixo e, se tiver a sorte que eu tive de pegar um dia com uma brisa fresca e constante de primavera, desligue tudo e escute o som do vento na floresta de pinheiros acima. Um dos sons mais poderosos e relaxantes que já ouvi.

Livre de ansiedades, prossegui até uma confeitaria na estrada, saboreando um sanduíche de prosciutto di Parma, mozzarella de búfala, rúcula e manjericão, com café coado na mesa. Gastronomia simples, elegante, que eleva o espírito.

Croissant com Prosciutto di Parma e Mussarela de Búfala perfeito da Tapiti Confeitaria e Brunch

Depois, parti dali para terminar o trajeto até Campos do Jordão, com direito a uma vista incrível da Pedra do Baú à distância, clima agradável e uma verdadeira terapia contra a ansiedade, essa bandida que tenta me desestabilizar toda semana, há décadas.

Uma terapia que funciona

A verdade é que, como eu disse antes, andar de moto é comprovadamente uma atividade terapêutica, que não deixa seu cérebro envelhecer e ainda é capaz de te levar ao estado de mindfulness tão cobiçado hoje em dia.

Talvez seja pelo fato de que, ao pilotar uma moto os seus sensoriais estarem todos bem ativos e trabalhando em rede, o que gera propriocepção de realidade; talvez seja por conta do contato com paisagens que, de um carro, seria quase impossível contemplar totalmente, seja pelo vento no peito, mas a verdade é que fazer esse tipo de slow ride com sua moto, pode ser a terapia mais em conta e mais fácil de se praticar.

Experimente essa rota; gravei um vídeo no YouTube do Classic Man Ride para inspirá-lo.