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Jaquetas Clássicas para Motociclistas: Estilo sobre Duas Rodas, Mesmo com Poucas Opções no Brasil

  • Foto do escritor: José Caetano
    José Caetano
  • 16 de jun.
  • 5 min de leitura

Poucas peças vestem tão bem a alma de um motociclista quanto uma jaqueta clássica. Ela protege do vento e do tempo, é verdade — mas vai além: carrega história, estilo e uma atitude que não se explica, apenas se vive.


Desde que Marlon Brando pilotou sua Triumph Thunderbird em O Selvagem, nos anos 50, a jaqueta virou mais do que um acessório funcional: tornou-se um ícone de liberdade e rebeldia. Steve McQueen, com sua Barbour encerada em corridas no deserto da Califórnia, elevou o nível do bom gosto sobre duas rodas. E, do outro lado do Atlântico, os britânicos das café racers consagraram um estilo onde cada zíper, fivela e bolso tinha um propósito – e um charme discreto.

Steve McQueen e sua Barbour
Steve McQueen e sua jaqueta Barbour

Nos últimos anos, esse visual atemporal deixou os filmes e as pistas para ocupar as vitrines das grandes marcas de moda masculina. O estilo clássico — com cortes retos, couro legítimo ou algodão encerado, cores sóbrias e presença marcante — vem ganhando espaço nas ruas. Ainda assim, no Brasil, quem busca esse tipo de peça para usar na estrada, ou mesmo no dia a dia, enfrenta dois obstáculos recorrentes: a escassez de boas opções no mercado e os preços nem sempre amigáveis.

Marlon Brando em O Selvagem
Marlon Brando em O Selvagem

Estilo clássico: o que define uma jaqueta atemporal para motos


Nem toda jaqueta de moto é clássica. E nem toda jaqueta clássica foi feita para a estrada. O verdadeiro motociclista de alma clássica sabe que o estilo atemporal está nos detalhes — e que, na estrada, cada detalhe importa.


Uma jaqueta clássica de moto, antes de tudo, respeita uma estética que nasceu nos anos 40 e 50 e segue firme até hoje. As cores falam baixo: preto, marrom, verde militar ou azul escuro. O material é nobre e durável — couro espesso de alta qualidade ou algodão encerado, como nos modelos britânicos que enfrentavam a lama e a chuva das corridas off-road.


Os cortes são retos, com cintura ajustada por cintos ou botões, bolsos frontais com lapelas e, quase sempre, gola alta com fechamento de fivela ou colarinho estilo camisa. São peças feitas para suportar o vento no peito e manter a elegância quando o motor silencia.


Referências não faltam: a Belstaff Trialmaster, símbolo de elegância funcional; a Barbour International, vestida por McQueen e outros ícones do motociclismo; os modelos em couro da Schott NYC, como a Perfecto, e os refinadíssimos cortes da Lewis Leathers ou da escocesa Aero Leathers.


O estilo clássico é menos sobre chamar atenção, mais sobre carregar história com sobriedade. É uma escolha que revela uma postura: quem veste esse tipo de jaqueta não está na estrada apenas para ir de A a B — está ali por tudo o que acontece entre esses dois pontos.


O cenário brasileiro: entre o desejo e a dificuldade


No Brasil, o amor por motos clássicas só cresce. Triumph Bonnevilles, Royal Enfields, Harley-Davidsons antigas, café racers montadas com cuidado — elas estão nas ruas, nos encontros, nos sonhos. Mas quando o motociclista tenta vestir esse estilo com autenticidade, o cenário complica.


Faltam marcas nacionais que levem a sério o design clássico aliado à funcionalidade real para quem pilota. Há boas tentativas, é verdade, e existem algumas marcas que flertam com o estilo retrô. Mas quase sempre esbarramos em dois problemas: ou a peça foi feita apenas para parecer bonita (sem pensar no uso na estrada), ou custa caro demais para o que entrega.


Importar uma jaqueta de qualidade, como uma Belstaff ou uma Schott, é um exercício de paciência e bolso fundo. Entre taxas alfandegárias, câmbio desfavorável e prazos de entrega intermináveis, o desejo muitas vezes esfria antes da jaqueta chegar.


No mercado nacional, ainda impera o visual esportivo — jaquetas cheias de recortes, cores demais e/ou tecidos sintéticos. Elas têm sua função, claro, mas não conversam com o homem que busca um visual mais sóbrio, elegante, inspirado nos tempos em que pilotar era quase uma forma de arte.


Ainda assim, a procura existe. E é justamente essa lacuna que abre espaço para marcas independentes, alfaiates de couro e pequenos empreendedores se destacarem. Porque há uma geração de motociclistas clássicos querendo vestir sua paixão — e, por enquanto, encontrando pouco com o que se identificar nas araras das lojas.


Entre as marcas nacionais, podemos destacar a jaqueta Custom, da Tutto Moto, que tem um visual bem clássico, mas o preço bate de frente com jaquetas importadas, como as da própria Triumph, marca britânica que possui o maior leque de motos clássicas modernas no mercado hoje em dia.

jaqueta Triumph

Falando em Triumph, além das jaquetas mais básicas da marca, você consegue encontrar o modelo Beck 2, que é muito semelhante ao modelo Trialmaster da Belstaff ou a jaqueta da Barbour imortalizada por Steve McQueen. Contudo, eu experimentei essa jaqueta e preferi ela a seus pares mais famosos, por um único detalhe.

Jaqueta Triumph Beck 2

As 3 jaquetas possuem um cinto, que no caso da Triumph, fica preso na aba com botões na frente da jaqueta, permitindo ao cinto ficar preso e não esvoaçando, mesmo que você não o tenha afivelado. É aquele famoso aprimoramento de design que deu certo.

Jaqueta Triumph Beck 2
Detalhe da Jaqueta Triumph Beck 2 com o cinto passando por dentro da aba com botões

Entre as marcas nacionais, você irá encontrar, por um preço bem bacana, a  BKNS Parachute Jacket da Breaknecks que faz justamente um remember da famosa jaqueta do McQueen.


A australiana Deus Ex Machina também tem uma linha de jaquetas bem interessante e eles possuem loja no Brasil e uma loja virtual bem completa.


Uma menção também vale para a butique da Royal Enfield. Nela, você consegue encontrar jaquetas clássicas interessantes, importadas da Índia. Elas possuem excelente qualidade e um preço um pouco melhor que outras marcas, mas ainda assim não são baratas.


A Harley Davidson traz, talvez, a butique mais cara entre as marcas de motos no Brasil e suas jaquetas costumam ser um verdadeiro outdoor da marca, passando longe de uma jaqueta clássica. Vez ou outra, um modelo se destaca justamente por ser mais discreto. Eu mesmo tenho uma jaqueta da marca que é completamente preta, e não chama tanto a atenção quanto outras jaquetas da grife.

jaqueta harley davidson

Enfim, você até consegue encontrar boas opções de jaquetas que combinam com o estilo clássico aqui no Brasil, mas os valores costumam ser bem altos.


Conclusão – Estilo que resiste ao tempo (e ao vento)


Escolher uma jaqueta clássica para pilotar é mais do que seguir uma tendência — é reafirmar um compromisso com a elegância que não cede ao efêmero. É vestir, sobre a moto, uma memória viva de décadas em que o estilo caminhava lado a lado com a substância.


No Brasil, ainda caminhamos devagar quando o assunto é oferta — mas há caminhos. Há artesãos atentos, marcas independentes surgindo, e, principalmente, há motociclistas que não abrem mão do bom gosto, mesmo diante das dificuldades. Esse movimento merece ser fortalecido.


Que este texto sirva de estímulo para quem busca mais do que proteção: busca presença. Porque entre o asfalto quente e o frio do vento, a jaqueta clássica nos lembra que elegância e resistência podem — e devem — andar juntas.



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